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Foto do escritorDra. Virna Costa e Silva

Pesquisa aponta fatores de risco para doenças cardiovasculares em crianças

Professora do curso de Medicina da Unifor realizou pesquisa com crianças da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza e constatou que cada vez mais cedo as crianças estão expostas aos riscos. Alimentação saudável aliada a atividades físicas é essencial para evitar o quadro.

Virna Costa e Silva é especialista em Nutrologia e professora do curso de Medicina da Unifor. (Foto: Ares Soares/Unifor)


Muitas vezes, na “correria” do dia a dia, os alimentos industrializados são uma solução prática e saborosa para os filhos. Transformá-los em protagonistas da alimentação, contudo, pode trazer sérios prejuízos à saúde dos pequenos, ainda mais se essa combinação envolver sedentarismo. Professora do curso de Medicina da Unifor, a pediatra geral e especialista em Nutrologia Virna Costa e Silva, realizou uma pesquisa que constatou fatores de risco para doenças cardiovasculares em crianças. O resultado é preocupante: existem evidência cada vez mais cedo da manifestação das doenças.


O estudo, resultado do doutorado da professora Virna na Universidade de São Paulo (USP), teve como público-alvo crianças de escolas públicas de Fortaleza, com idade entre 5 e 9 anos. Foram avaliadas 500 crianças. Destas, 39,8% apresentaram sobrepeso e obesidade; 22%, aumento de gordura corporal; 10,2% tinham síndrome metabólica; e 36,2% apresentaram espessamento da artéria carótida, que foi correlacionado ao sobrepeso e à obesidade, com hipertensão na infância e com atividade inflamatória.


“Ou seja, essas crianças já têm um reflexo do espessamento da carótida associada aos fatores de risco”, conta a pediatra. O sedentarismo, aliado a uma alimentação pobre em nutrientes e rico em açúcares e gorduras, foi um dos principais fatores apontados na pesquisa. “Foi verificado que 70% das crianças eram sedentárias, a grande maioria passava mais de 10 horas na frente da tela. São crianças com alto índice de alimentação de produtos industrializados com carboidratos simples”, prossegue a professora.


Um fato que chamou a atenção da pesquisadora foi que todas as crianças pesquisadas eram assintomáticas, ou seja, aparentemente estavam saudáveis, pois não manifestavam quaisquer sintomas. “A facilidade da vida moderna tem levando às crianças uma qualidade de saúde inadequada, desde muito cedo. Elas estão expostas aos fatores até mesmo dentro do útero: má alimentação da mãe, obesidade materna, tabagismo ativo e passivo, stress emocional”, explica.


Contudo, a professora enfatiza que é possível reverter a situação, com reconhecimento prococe para prevenção de danos que podem ser evitados. “As evidências indicam que pode existir a reversão do quadro e a redução dele através da não exposição aos riscos: prática de atividade física, melhora na qualidade da alimentação. Apenas o hábito de vida modificado pode reverter esse quadro”.


Melhor do que tratar um quadro estabelecido ou tentar revertê-lo é prevenir a exposição aos riscos. “A recomendação é otimizar o tempo, reorganizar a estrutura familiar, buscar valorizar o que realmente tem valor, que é a saúde dos filhos, a sua. Eu recomendo abrir menos, desempacotar menos e descascar mais. Acostumar a criança a hábitos saudáveis desde o início. Quanto mais cedo, melhor. E vale ressaltar que muitas vezes, alimentos saudáveis são bem mais baratos do que um produto industrializado”, finaliza a pesquisadora.


O que fazer quando a criança se recusa a comer alimentos saudáveis?


Desde cedo, é importante que a criança adquira hábitos saudáveis para evitar o surgimento de doenças cardiovasculares. De acordo com a professora Virna Costa e Silva, oferecer alimentos novos constantemente e, principalmente, ter persistência são dicas importantes.


- Não desista quando a criança se recusa a comer ou a experimentar coisas novas. “É preciso persistir, porque o resultado final vai ser de grande valia para a vida das crianças, que hoje já têm expectativa de vida de mais de 100 anos. A qualidade de vida desde o começo reflete no futuro”, orienta.


- O processo é gradual e contínuo. O ponto zero é conversar com a criança, explicar o que está acontecendo, o motivo da mudança de hábitos. Aos poucos, ela vai compreendendo. “Às vezes nós queremos um resultado imediato, mas a mudança de hábitos é gradual. Quem sabe, só na adolescência a criança esteja pronta, com uma construção interna pronta para se alimentar melhor. Não podemos ser imediatistas”.


- O exemplo é muito importante, pois as crianças tendem a seguir ações e hábitos dos pais. Portanto, adquirir hábitos saudáveis é essencial para que a criança adquira também. “A palavra, a criança escuta, mas o exemplo é o que move. Os hábitos têm que vir dos pais, eles têm que ter essa consciência. Não adianta eu insistir para que meu filho tome suco se eu bebo refrigerante”.


Matéria publicada no G1 Ceará

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